Os patins

Numa certa época, houve um menino apaixonado por patins. Era tudo o que ele queria na vida. Pediu, implorou, tanto fez que, um belo dia, eis que conseguiu! Ficou muito feliz com o par de patins, tão feliz que não desgrudava dele um só minuto.

Era dia e noite, o menino e os patins.

Só que, no primeiro tombo, no primeiro arranhão, ele ficou com muito medo dos patins e resolveu guardá-los. Os patins ainda eram a coisa que ele mais queria naquele momento. O que ele mais gostava de fazer era estar com eles. Mas ele preferiu não arriscar e não usá-los mais, pois poderia se machucar, se ferir.

O tempo foi passando, e os patins guardados. Passaram-se anos e o garoto esqueceu os patins.

Então, em um belo dia, ele se lembra, sente tanta saudade daqueles patins! Resolve recuperar o tempo perdido. Vai até o armário, revira tudo e, finalmente, encontra-os. Corre para calçá-los e, aí, tem uma surpresa: os patins não cabem mais nos seus pés.

O menino, acometido de uma profunda tristeza, chora e lamenta os anos perdidos, lamenta o que não vai mais poder recuperar. É claro que ele poderia comprar outro par, mas nunca seriam iguais àqueles.

Aqueles patins eram especiais para o menino, eram únicos. Por mais que comprasse patins novos, nenhum outro seria igual àqueles que ficaram guardados tão somente por falta de coragem de continuar tentando.

Bem… As pessoas são assim, como o menino da história…

Guardamos sentimentos com medo de vivê-los, com medo de nos machucar, e depois, quando resolvemos retomar estes sentimentos, quando sentimos saudade do que eles nos proporcionavam, provavelmente eles já passaram de sua melhor fase, que foi interrompida, se perdeu ou não serve mais.

Deixe as besteiras de lado, os ressentimentos e os medos e viva o dia de hoje! O que importa é o presente…é ser feliz! – Não guarde seus patins!

Bom dia!!

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A vontade dirigida

O psiquiatra recebeu em seu consultório um paciente com depressão aguda.
Segundo a família, ele estava naquele estado há mais de 5 anos e já havia tentado suicídio várias vezes.
Agora estava ali, diante do médico, em busca de um remédio que o curasse de forma instantânea.

O médico, acostumado a todo tipo de paciente, olhou-o no rosto e falou com firmeza: “Tenho duas notícias para lhe dar. Uma delas é que ainda não existe um remédio para a sua doença.”
O paciente contorceu-se na cadeira, e perguntou um tanto irritado: “e a outra notícia?”

“Bem, a outra notícia é que a sua cura depende da sua vontade”.
“Como assim, Doutor? Eu não tenho vontade para nada. Não tenho vontade de trabalhar, nem de comer, nem de falar com pessoas. A vida não tem mais sentido para mim.”

O psiquiatra, que o observava com atenção, lhe falou com voz muito firme:
“você está cheio de vontade.”
Aí o paciente não se conteve, deu um murro sobre a mesa e retrucou nervoso: “o senhor está brincando comigo? Eu já lhe disse que não tenho vontade, Doutor.” Sem se alterar, o médico voltou a afirmar: “o senhor tem muita vontade, sim.

Tem vontade de não trabalhar, de não comer, de dormir, de não falar com ninguém, e vontade de se isolar do mundo.”
“Mas a vida não tem sentido para mim”. Tornou a dizer o paciente.
O médico, conhecedor das causas que levam a pessoa a esse estado de ânimo, disse-lhe: “você está é com raiva do mundo e por isso deseja matar-se, para punir aqueles que o infelicitaram e que não consegue perdoar.”

Nesse momento o homem quase teve um surto. Levantou-se e gritou,
enlouquecido: “Eu nunca vou perdoá-los! Meu patrão me despediu, acabou com a minha vida, meus irmãos me roubaram a herança e…”
E desfilou uma lista de nomes de pessoas que odiava com toda força de seu ser. Então o psiquiatra voltou a dizer: “somente quando você perdoar conseguirá se livrar desse ácido que o corrói e o está matando, dia após dia.” E aquele homem enorme, falou entre dentes: “eu nunca vou perdoá-los”.

O médico aproveitou a oportunidade para reafirmar ao seu paciente que ele estava cheio de vontade, mas dirigida para a própria infelicidade.

Vale a pena meditar sobre a direção que estamos dando a nossa vontade. Até quando dizemos que não temos vontade, estamos usando nossa vontade para não sentir vontade.

Se dizemos que não sentimos vontade de viver, podemos afirmar que, na verdade, estamos com vontade de não viver.

Estamos com vontade de fugir do mundo, com vontade de dormir, de ficar num quarto fechado, com vontade de morrer…
Mas a vontade está ativa. Somente está sendo dirigida para onde nossa razão desejar.

Se você ainda não havia pensado por esse ângulo, pense agora.
Lembre-se de que a vontade é uma força neutra que existe em nós, capaz de definir nossas ações. Basta que saibamos dirigir essa força de acordo com nossa escolha.

Se escolhemos ter vontade de morrer, podemos direcionar essa força para a vontade de viver. A força não se altera, mas alteramos a direção.

Se escolhemos ter vontade firme de não perdoar, de manter o desejo de vingança, podemos dirigir essa força para a indulgência, para o perdão.
O que geralmente acontece, é que sentimos prazer mantendo esse estado de coisas. Sentimos prazer em chamar a atenção dos outros, fazendo-nos de vítimas.

Essa auto piedade é extremamente perigosa, pois pode nos levar a situações de maior infelicidade ainda.
Por todas essas razões, vale a pena direcionar a nossa vontade com lucidez.

Com o desejo sincero de construir a nossa felicidade efetiva, sem o prazer mórbido de infelicitar aqueles que nos infelicitam.
Pense nisso, mas pense agora.

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Olhos de criança

Um velho sentava-se em sua cadeira de balanço dia após dia.
Ele prometeu não sair dali até ver Deus.

Em uma bela tarde de primavera, o velho balançando em sua cadeira, incansável em sua busca visual de Deus, viu uma garotinha brincando do outro lado da rua.

A bola da garotinha rolou para o seu quintal, e ela correu em sua direção.

Ao abaixar-se para pegá-la, olhou para o velho e disse:
– Eu vejo o senhor todos os dias balançando-se em sua cadeira e olhando para o vazio. O que está procurando?
– Ah, minha querida, é jovem demais para entender – respondeu o velho.
– Talvez – respondeu a garota. Mas a minha mãe sempre me disse que se eu tivesse algo em minha cabeça, deveria falar sobre isso, para compreender melhor. Ela sempre diz: “Srta. Lizzy, compartilhe os seus pensamentos.” Compartilhe, compartilhe, compartilhe, é o que sempre diz.
– Bem Srta. Lizzy, eu não acho que poderia ajudar-me – resmungou o velho.
– Possivelmente não, senhor, mas talvez eu possa ajudar apenas ouvindo.
– Está bem, criança, eu estou procurando por Deus.
– Com o devido respeito, o senhor balança para a frente e para trás nessa cadeira dia após dia à procura de Deus? – Perguntou a Srta. Lizzy, intrigada.
– Sim. Preciso acreditar antes da minha morte, que existe um Deus. Preciso de um sinal – respondeu o velho.
– Um sinal, senhor? Um sinal? disse a Srta. Lizzy, agora bastante confusa com as palavras do velho.

– Senhor, Deus dá-lhe um sinal quando o senhor respira, sente o cheiro de flores frescas, ouve os pássaros cantando e todos os bebês nascem. Ele dá-lhe um sinal quando o senhor ri e chora, quando sente as lágrimas saindo de seus olhos. Isso é um sinal em seu coração para abraçar e amar. Deus dá-lhe um sinal no vento, no arco-íris e na mudança das estações. Todos os sinais estão aí, mas o senhor não acredita neles. Deus está no senhor e em mim. Não existe procura, porque ele, ela ou seja lá o que for está aqui o tempo todo.

Com uma das mãos em sua cintura e brandindo a outra no ar, a Srta. Lizzy continuou:
– Minha mãe diz: “Se você estiver procurando algo monumental, é porque fechou os olhos, pois ver Deus é ver as coisas simples, ver a vida em tudo.”
– Srta. Lizzy, é muito perspicaz em sua compreensão de Deus, mas o que fala ainda não é o bastante.

Lizzy caminhou até o velho, colocou as suas mãos infantis sobre o coração dele e falou suavemente em seu ouvido:
– Senhor, isso vem daqui, não de lá. – E apontou para o céu. – Encontre-o primeiro em seu coração, em seu próprio exemplo. Então verá os sinais.

Quando atravessava novamente a rua para ir embora, ela virou-se para o velho e sorriu. Então, ao inclinar-se para sentir o cheiro das flores, gritou:
– Minha mãe sempre diz: “Se você estiver procurando algo monumental, é porque fechou os olhos”.

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Os Anjos

Dois anjos estavam viajando e pararam na casa de uma família rica para passar a noite. A família recusou recebê-los no quarto de hóspede da mansão e, ao invés disso, foi lhes dado um lugar frio no porão.

Assim eles arrumaram suas camas no chão duro. O anjo mais velho viu um buraco na parede e o fechou. Quando o anjo mais novo perguntou o porquê daquilo, o anjo mais velho respondeu:
– Nem sempre as coisas são como parecem!

Na noite seguinte o par de anjos veio descansar na casa de um fazendeiro muito pobre, porém hospitaleiro. Depois de compartilhar a pouca comida o casal deixou que os anjos dormissem na sua cama, onde eles puderam ter uma boa noite de descanso.

Quando o sol veio na manhã seguinte os anjos encontraram o fazendeiro e sua esposa em lágrimas. Sua única vaca cujo leite era seu único rendimento, estava morta no campo.

O anjo mais novo perguntou ao anjo mais velho:
– Como você deixou que isso acontecesse? O primeiro homem tinha tudo, mesmo assim você o ajudou. A segunda família tinha pouco, porém estava disposta a dividir todas as coisas e você deixou que sua vaca morresse?

– Nem sempre as coisas são como parecem! Respondeu o anjo mais velho continuou. Quando estávamos no porão da mansão eu vi que havia ouro guardado em um buraco na parede. Visto que o dono estava tão obcecado pela cobiça e não estava disposto a compartilhar sua fortuna, eu fechei a parede e ele não será capaz de encontrá-la. Então na noite passada enquanto nós dormíamos na cama do fazendeiro, o anjo da morte veio para levar sua esposa. Eu disse a ele que ao invés dela, levasse o animal.

MORAL DA HISTÓRIA:
Nem sempre as coisas são como parecem! Algumas vezes isto é exatamente o que acontece quando as coisas não resultam como gostaríamos que fosse.

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A Rosa

Era uma manhã de um dia de semana, desses de céu aberto e muito sol. Um trabalhador dirigiu-se para seu local de trabalho. Passando em frente a um templo religioso, decidiu entrar. Era uma sala muito ampla e ele sentou num dos últimos lugares, bem ao fundo.

Ali se pôs a fazer a sua oração cheia de vida, dialogando com Jesus. Ouviu, então, em meio ao silêncio, a voz de alguém, cuja presença não tinha percebido: venha aqui. Venha ver a rosa. Ele olhou para os lados, para frente, e viu uma pessoa sentada num dos primeiros lugares. Levantou-se e a voz falou outra vez: Venha ver a rosa.

Embora sem entender, ele se dirigiu até a frente e percebeu que sobre a mesa havia realmente um vaso, no qual estava uma linda rosa. Parou e começou a observar o homem maltrapilho que, vendo-o hesitante, insistiu: venha ver a rosa. Sim, estou vendo a rosa, respondeu. Por sinal, muito bonita.

Mas o homem não se conformou e tornou a dizer: Não, sente-se aqui ao meu lado e veja a rosa. Diante da insistência, o trabalhador ficou um tanto perturbado. Quem seria aquele homem maltrapilho? O que desejaria com ele com aquele convite? Seria sensato sentar-se ali, ao lado dele? Finalmente, venceu as próprias resistências, e se sentou ao lado do homem.

Veja agora a rosa, falou feliz o maltrapilho. De fato, era um espetáculo todo diferente. Exatamente daquele lugar onde se sentara, daquele ângulo, podia ver a rosa colocada sobre um vaso de cristal, num colorido de arco-íris. Dali podia-se perceber um raio de luz do sol que vinha de uma das janelas e se refletia naquele vaso de cristal, decompondo a luz e projetando um colorido especial sobre a rosa, dando-lhe efeitos visuais de um arco-íris.

E o trabalhador, extasiado, exclamou: é a primeira vez que vejo uma rosa em cores de arco-íris. Mas, se eu não tivesse me sentado onde estou, se não tivesse tido a coragem de me deslocar de onde estava, de romper preconceitos, jamais teria conseguido ver a rosa, num espetáculo tão maravilhoso. É preciso saber olhar o outro de um prisma diferente do nosso.

O amor assume coloridos diversos, se tivermos coragem de nos deslocar de nosso comodismo, de romper com preconceitos, para ver a pessoa do outro de modo diferente e novo. Há uma rosa escondida em toda pessoa que não estamos sendo capazes de enxergar.

Há necessidade de sairmos de nós mesmos, de nos dispormos a sentar em um lugar incômodo, de deixar de lado as prevenções, para poder ver as rosas do outro, de um ângulo diferente. Realizemos esta experiência, hoje, em nossas vidas. Procuremos aceitar que podemos ver um colorido diferente onde, para nós, nada havia antes, ou talvez, de acordo com nosso modo de pensar, jamais poderiam ser vistas outras cores.

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Amor combina com liberdade

Havia um homem que possuía muitos pássaros. Como vivia só, esses animais eram como filhos. Gostava de todos, mas, havia um,que lhe era especial. Se tratava de um velho canário belga, que ganhara do pai. O pequenino pássaro, fora o primeiro de sua coleção e durante longo tempo, sua única companhia. Mas um dia , sem motivo, o passarinho, apareceu doente.

De olhar melancólico nunca mais cantara, queria novamente a sua liberdade. Perceber e aceitar esse desejo eram coisas que não entravam na cabeça do seu
dono. A atitude do companheiro parecia ingratidão: Sempre lhe tratara bem. Nunca lhe deixara faltar alimento e amor. No entanto, agora essa! ” Não vou soltá-lo” ! Concluiu. Algum tempo passou, e o animal foi definhando cada vez mais.

Sua morte parecia iminente. Não tendo outra escolha o velho homem deixou a gaiola aberta. O canário com dificuldade andou até a portinhola, permaneceu algum tempo hesitante entre

ficar e partir, mas, acabou decidindo pela segunda opção. Aquele foi um longo dia; solitário e triste… Na manhã seguinte, o bom homem acordou com um canto idêntico ao do pássaro que partira. Abrindo apressadamente a janela deparou-se com o amigo que cantava como nunca havia cantado. Essas visitas se repetiram ainda durante vários

anos. Com as pessoas acontece da mesma forma. Amor não combina com algemas e prisões. Quem ama deixa sempre às portas abertas à espera que o amor verdadeiro possa se manifestar. amigo: é aquele que o coração escolhe. Eu escolhi você !

Bom dia!!

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Um copo de água

Um conferencista falava sobre gerenciamento da tensão. Levantou um copo com água e perguntou à platéia:
– Quanto vocês acham que pesa este copo d’água?

As respostas variaram entre 20gr e até 500gr.

O conferencista, então, comentou:
– Não importa o peso absoluto.
Depende de por quanto tempo vou segurá-lo.
Se eu seguro por um minuto, tudo bem.
Se eu seguro durante um hora, eu terei uma dor no meu braço.
Se eu seguro durante um dia inteiro, você terá que me chamar uma ambulância.
E é exatamente o mesmo peso, mas quanto mais tempo eu passo segurando-o, mais pesado vai ficando.

E concluiu:
– Se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde, nós não seremos mais capazes de continuar, a carga vai tornando-se crescentemente mais pesada.
O que você tem que fazer é deixar o copo em algum lugar e descansar um pouco antes de segurá-lo novamente.
Temos que deixar a carga de lado periodicamente, do jeito que puder!
É reconfortante e nos torna capazes de continuar.

Então antes de você voltar do trabalho para casa hoje à noite, deixe o peso do trabalho num canto.
Não o carregue para casa.
Você poderá recolhê-lo amanhã.

A vida é curta, aproveite-a!

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A Velhinha que dava nomes as coisas

Ela era uma velhinha que morava sozinha, em uma grande casa. Não tinha amigos porque, ao longo dos anos, ela os vira morrer, um a um.

Seu coração era um poço de saudade e de perdas. Por isso, ela decidira que nunca mais se ligaria afetivamente a ninguém.

E, para se lembrar que um dia tivera amigos, passara a chamar as coisas pelos nomes dos amigos que haviam morrido.

Sua cama se chamava Belinha. Era grande, sólida e confortável. Mesmo depois que ela se fosse, Belinha continuaria a existir. A poltrona confortável da sala de visitas se chamava Frida. Haveria de durar muitos anos mais. A casa se chamava glória. Tinha sido construída há mais de cem anos, mas não aparentava mais que vinte. Era feita de madeira muito forte, vigorosa. E o carro, grande, espaçoso se chamava Beto. “haveria de servir”, pensava a velhinha, “para alguém, depois de sua morte.”

E assim vivia a velhinha solitária.

Certo dia, quando estava lavando a lama de Beto, um cachorrinho chegou no portão. O portão não tinha nome, porque ela achava que ele logo teria que ser substituído. Suas dobradiças estavam enferrujadas e a madeira apodrecida.

O animalzinho parecia estar com fome e ela tirou um pedaço de presunto da geladeira e o deu ao cão, mandando-o embora. Porém, no dia seguinte, ele voltou. E no outro e no outro. Todos os dias, ele vinha, abanava o rabo e ela o alimentava, mandando-o embora.

Ela dizia que Belinha não comportava um adulto e um cachorro, que Frida não gostava que cães sentassem nela e glória não tolerava pêlo de cachorro. E Beto? Bom, esse fazia os cachorros passarem mal.

Um ano depois, o animal estava grande, bonito. E tudo continuava do mesmo jeito. Até que um dia ele não apareceu.

Ela ficou sentada na escada, esperando. No dia seguinte, também. Nada. Resolveu telefonar para o canil da cidade e perguntar se eles tinham visto um cachorro marrom. Descobriu que eles tinham dezenas de cachorros marrons. Quando perguntaram se ele estava usando coleira com o nome, ela se deu conta que nunca dera um nome para ele.

Sentou-se e ficou pensando no cachorro marrom que não tinha coleira com um nome. Onde quer que estivesse, ninguém saberia que ele tinha de vir todos os dias até seu portão para que ela lhe desse de comer.

Tomou uma decisão. Dirigiu Beto até o canil e falou para o encarregado que queria procurar o seu cachorro. Quando ele lhe perguntou o nome do cachorro, ela se lembrou dos nomes de todos os amigos queridos aos quais havia sobrevivido. Viu seus rostos sorridentes, lembrou-se de seus nomes e pensou em como fora abençoada por ter conhecido esses amigos.

– Sou uma velha sortuda, pensou.
– O nome do meu cachorro é Sortudo, disse.

E gritou, ao ver os cães no grande quintal:
– Aqui, Sortudo!

Ao som da sua voz, o cachorro marrom veio correndo. Daquele dia em diante, Sortudo morou com a velhinha.

Beto parece que gostou de transportar o cachorro. Frida não se incomodou que ele sentasse nela. Glória não ligou para os pelos do cachorro. E todas as noites Belinha faz questão de se esticar bem para que nela possam se acomodar um cachorro marrom Sortudo…e a velhinha que lhe deu o nome.

Não temamos nos afeiçoar às pessoas. Ninguém consegue viver sem amor, sem amigos, sem ninguém.
Não nos enclausuremos em solidão, nem percamos a oportunidade extraordinária de amar.
Amemos a quem nos rodeia. Também à natureza e os animais, recordando que tudo é obra do excelente Pai que nos criou.

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Como se faz durar um amor

Uma jovem mulher e sua filha caminhavam pela praia. Num certo ponto, a menina disse:

– Como se faz para manter um amor?
A mãe olhou para a filha e respondeu:
– Pegue um pouco de areia e feche a mão com força.
A menina assim fez e reparou que, quanto mais forte apertava a areia com a mão, com mais velocidade a areia escapava.
– Mamãe, mas assim a areia cai!!!
– Eu sei, agora abra completamente a mão.
A menina assim fez, mas veio um vento forte e levou consigo a areia que restava na sua mão.
– Assim também não consigo mantê-la na minha mão!
A mãe, sempre a sorrir, disse:

– Agora pegue outra vez um pouco de areia e mantenha a mão um pouquinho aberta, como se fosse uma colher: fechada o suficiente para protegê-la, mas aberta o bastante para lhe dar liberdade.
A menina experimentou e viu que a areia não escapava da mão, pois estava protegida do vento.

A mãe concluiu: –

É assim que se faz durar um amor.

Bom dia!!

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A própria força

Rachel tinha apenas 16 anos quando, certa noite, recolheu-se ao leito, no dormitório da escola. Acordou, seis meses depois, numa cama de hospital, na cidade de Nova Iorque. Ela sofreu um forte sangramento intestinal que a fez mergulhar num longo estado de coma. Era o fim de sua vida como uma pessoa saudável e o início de uma vida como pessoa portadora de doença crônica.

Foi nessa época que Rachel se recorda de ter verdadeiramente conhecido sua mãe. Até então ela era a profissional que passava longas horas trabalhando. Rachel a via quando chegava em casa, tarde da noite, para lhe dar banho, ler uma história, dar-lhe um beijo de boa noite. As lembranças de sua mãe, até então, eram de uma figura passageira que tinha um perfume gostoso e tomava conta dela nos finais de semana.

Durante os seis meses de seu coma seus pais se tomaram de temores. Ela era a única filha de pais mais velhos e superprotetores. O prognóstico médico era sombrio. Se saísse do coma, viveria como uma inválida, limitada por uma doença que os médicos não compreendiam, nem controlavam. Teria que se submeter a uma série de cirurgias importantes. Não deveria viver além dos 40 anos. Sem chance de retornar aos estudos.

Mas Rachel desejava ser médica.

Ali, deitada na cama, ouvindo seu pai lhe dizer tudo isso, ela ficou zangada. Não importava o que diziam os médicos, ela iria voltar aos estudos, à faculdade. Queria ser médica. Nada a impediria.
– Ah, disse o pai, uma coisa a impedirá, sim. Não pagarei os seus estudos.

Foi então que a mãe de Rachel, sem alteração na voz, afirmou:
– Eu pago a faculdade.
– E onde você vai arranjar o dinheiro? – perguntou ele.

Ela continuou a falar, dirigindo-se à filha, como se não o tivesse ouvido:
– Tenho uma conta no banco há muitos anos. É toda sua, Rachel.

Vinte e quatro horas depois, ela assinou um termo de responsabilidade e retirou a filha do hospital, contra a recomendação médica. Tomou um pequeno avião e levou Rachel de volta à faculdade.

Nos seis meses seguintes levou a filha para as salas de aulas, muitas vezes empurrando a cadeira de rodas, porque ela não conseguia andar. Então, quando percebeu que Rachel poderia cuidar de si mesma, a deixou, mas telefonava todos os dias para saber notícias.

Os dois anos seguintes foram de muitas lutas.

Rachel não conseguia comer direito e tomava medicamentos fortes para controlar os sintomas. Ela se sentia doente, tinha a aparência alterada e estava doze ou catorze quilos abaixo do seu peso normal.

Mas foi descobrindo uma força que desconhecia. Encontrou uma maneira de viver essa nova vida e seguir em frente. Concluiu a faculdade e passou a clinicar.

Anos depois, conversando com sua mãe, lhe perguntou porque a deixara sozinha em momento tão difícil. Afinal, ela era a sua única filha. Por que não ficou ao seu lado, protegendo-a e mimando-a? Ela não ficou com medo do que pudesse acontecer?
– Eu temia por você – disse-lhe a mãe. Mas temia ainda mais pelos seus sonhos. Se eles morressem, essa doença dominaria a sua vida. Há muitas formas de morrer, Rachel. A pior delas, é permitir que outras pessoas escolham o tipo de vida que você deve levar. A pior morte é permitir que sejam sepultados os próprios sonhos.

Amparar a vida, por vezes, é algo muito completo. Há momentos em que o melhor é oferecer a nossa força e a nossa proteção. No entanto, acreditar numa pessoa num momento em que ela não consegue acreditar em si mesma, tem uma importância toda especial. É a nossa crença nessa pessoa que vai se tornar o seu barco salva-vidas.

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